– Sr. Padre, eu pequei. Fui seduzido por uma mulher casada que se dizia séria.
– És tu, Carlos?
– Sim, Sr. Padre, sou eu.
– E com quem estivestes tu?
– Padre, eu já disse o meu pecado… ela que confesse o dela.
– Repara, Carlos, mais cedo ou mais tarde eu vou saber, assim é melhor que mo digas agora. Foi a Isabel Fonseca?
– Os meus lábios estão selados.
– A Maria Gomes?
– Por mim, jamais o saberá…
– Ah! A Maria José?
– Não direi nunca!
– A Rosa do talho?
– Padre, não insista!
– Então foi a Catarina da pastelaria, não?
– Padre, isto não faz sentido…
O Padre rói as unhas desesperado e diz-lhe então:
– És um cabeça dura, Carlos, mas no fundo do coração admiro a tua reserva. Vai rezar vinte Pais-Nossos e dez Ave-Marias… Vai com Deus, meu filho…
Carlos sai do confessionário e vai para os bancos da igreja.
O seu amigo Pedro desliza para junto dele e sussurra-lhe:
– E então? Deu certo?
– Sim. Tenho cinco nomes de mulheres casadas que dão para todo mundo!