Em uma escola muito heterogênea, onde estudam alunos de várias classes sociais, durante uma aula de português, a professora pergunta:
– Qual é o significado da palavra “óbvio”?
Rapidamente, Karine, menina rica, uma das mais aplicadas alunas da classe, que estava sempre muito bem vestida, respondeu:
– Prezada professora, hoje acordei bem cedo, ao raiar da alva, depois de uma ótima noite de sono no conforto de meu quarto particular. Desci a enorme escadaria de nossa humilde residência e me dirigi à copa onde era servido o café. Depois de deliciar-me com as mais apetitosas iguarias, fui até a janela que dá vista para o jardim de entrada e admirei aquela bela paisagem por alguns minutos, enquanto pensava como é agradável e belo o viver. Virando-me um pouco, percebi que se encontrava guardado na garagem o automóvel BMW pertencente a meu pai. Pensei com meus botões: “- É ÓBVIO que meu pai foi ao trabalho de Audi.”
Sem querer ficar para trás, Luiz Cláudio Wilson, de uma família de Classe média, acrescentou:
– Professora, hoje eu não dormi muito bem, porque meu colchão é meio duro. Mas eu consegui acordar assim mesmo, porque pus o despertador do lado da cama para tocar cedo. Levantei meio zonzo, comi um pão meio muxibento e tomei café. Quando saí para a escola, vi que o fusca do papai estava na garagem. Imaginei: “- É ÓBVIO que o papai não tinha dinheiro para gasolina, foi trabalhar de busão.”
Embalado na conversa, Wandercleison Maicon Jáqueson, CORINTHIANO e de Classe baixa (é óbvio), também quis responder:
– Fessora, hoje eu quase não durmi, porquê teve tiroteio até tarde na favela. Só acordei de manhã porquê tava morrendo de fome, mas como não tinha nada pra cumê mermo… fiquei olhando pela janela do barraco e vi a minha vó com o jornal debaixo do braço e pensei: “- É ÓBVIO que ela vai cagá. Não sabe lê!”